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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Orpheu

“Valeu a pena, tudo vale a pena, se a alma não é pequena”
(Fernando Pessoa / Carlos do Carmo

Orpheu

Assim iam os tempos
no coração da cidade
entre a nudez de um rio
a cantar o fado vadio

Trinavam-se os versos
de um poema singular
nos dedos exangue
do poeta a chorar




O poeta sonhou, nasceu
e morreu. Lisboa aconteceu
quando Ulysses se comoveu
ante o dedilhar da esperança
numa guitarra sem voz

Triste fado, o seu
alma sua
sina nua e crua
aportada à Geração
de Orpheu

Lembrava os trapaceiros
encalhados
no cais moderno
junto à  praça do Império

Bradava por naus esquecidas
pelo regresso dos heróis
do além-mar aventureiro
e arruaceiro
onde a mensagem se perdeu

Dakini

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