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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Uni(versus) Alquímicos VI


…Instantes depois ouvia-se 
o arfar do peito. Nada seria 
como dantes

Sorria para o Amor. Dividia-se entre 
olhares desfocados
materializados num só Grito

Contorcia-se de dor. Agitava-se
o pensamento suspenso
por um fio

Agora seria o momento de 
o seu a seu dono. Casualmente
atingiu o núcleo ainda morno

Eis que um sentir frio
assumia-se num compasso 
de espera

Instantes depois, ouviam-se
rumores de dentro para fora
e de fora para dentro
Sentiu!

Dakini

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Canais

Hoje o pensamento não passa de uma fonte de rendimento às causas mais obsoletas dos vários tipos de linguagem. Satisfaço-me por completo quando durmo. Enquanto isso, não me canso a tentar ocupar um espaço, que por si só, já comunica com os vários estados diferenciados, onde assenta os seus ideais. 

(Melhor deixá-lo em paz, esse canal exequível e transmissível de bactérias nocivas ao meu poder intelectual).

Por tudo o que me passou hoje pela cabeça encontrei a forma que mais se ajusta ao meio ambiente onde vivo, já que o pensar obstruiu todos os meus canais interiores e exteriores, e até se fez caminho para que ao Norte vá chegando, e com o Sul me vá sustentando. Imagino-me sempre a correr de um lado para o outro, mas este peso que ocupa parte do meu imaginário é já uma continuação de um pensamento abstracto a querer alcançar a lógica que escapa à verdade de um raciocínio ímpar, e ao mesmo tempo esperançoso na vivência em paralelo com o mundo que o criou. Esse é um mundo à parte quando me identifico com os medos de sofrer por não poder pensar em nada, a não ser na minha linguagem inexpressiva de hoje.

Este corpo a querer fornecer novas atitudes perante a decadência de um lugar inóspito, sempre que se deita à espera por novas investidas de um sonho, onde o pensamento não passa de simples embuste a deixar pegadas num solo infértil. Pudesse eu saber onde vou, sempre que o meu corpo aguarda por novos ajustes ao meio, e seria a metade na procura da outra metade onde o pensar é só um caminho para chegar ao centro onde reside a minha vontade. 

(Criei um corpo novo! De que adianta saber-me dona de corpos estranhos que não sabem como percorrer as várias entranhas, enquanto permaneço acordada sempre que sonho?)

Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=188103 © Luso-Poemas

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Uni(versus) Alquímicos

I
Embrião circunscrito
nas  altas esferas 
e o Verbo iniciático
primogénito da
linguagem Universal
do Verso 
no Templo Hermético
onde nasce o Poema

II
Arquitetos maiores
em sublimação 
alquímica 
em prol da mágica 
peregrinação 
sanguínea e retilínea
ditame da inspiração
dos Arquétipos
vívidos na alma
em jeito de oração

III
Uni (versus) que 
versam constelações 
de  sacrossantos 
fecundos a Oriente
e a lua excelsa
que perto
muito perto  do Sol
é pingo nocturno
e brilho soturno 
no Espaço Sideral

IV
A alma poética
companheira 
de jornada
qual estrela guia 
no Cosmos
a romper fronteiras
a furar o ventre 
do céu dos poetas

Dakini

quarta-feira, 3 de junho de 2015

terça-feira, 2 de junho de 2015

O Céu - o seu próximo destino

Gritava para o céu à espera que este lhe devolvesse os seus pertences, e entre eles, uma vida. Uma vida inteira que lhe fora prometida.
Era um dia como todos os dias em que ninguém o via, ou fingia não ver. Tinha os cabelos desgrenhados, a roupa em farrapos e os pés enfiados nuns ténis de marca que alguém deitara no caixote do lixo.
Gritava para o céu. Gritava mas o céu não o ouvia. Estava agora ocupado com outros assuntos mais mediáticos. Um grupo de andorinhas regressara e fizera ninho no seu colo. Estava o céu ocupado com os assuntos da terra. O homem continuava a tentar entrar nos assuntos do céu.
Como subir às alturas e descer aos subúrbios sem um alinhamento convincente? 
Tudo para que não se pensasse num espaço desorganizado, até mesmo aquele entre o céu e a terra, onde nada existe a não ser um grito humano: desordens organizadas, apelos aos desocupados num clamor que dá dó.
Enquanto isso, as andorinhas simplesmente planavam nas suas migrações habituais. Desciam e subiam as mesmas alturas, como se a terra não existisse e o céu fosse o seu próximo destino.

Dakini in Café da Manhã
Imgem da net

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Silêncios

Se a minha voz silenciosa,
nada te diz,
ouve-me então
através do eco do meu silêncio,
na tua voz

Coloca-te a jeito de o decifrares
em todos os registos
que deixas à tua passagem

Mas, não deixes nunca de me ouvir


Dakini

Ilusorium

Há planícies inteiras a desbravar novos montes de terra. Deviam espreitar para dentro delas mesmas e redescobrir novas sementes por forma a poderem germinar novos temas.
Há tantas e novas sementes à espera de serem semeadas. 

Assim se apalpam as palavras para que os temas surjam em jeito de tinta fresca a pintar os painéis do futuro. Não se podem abafar as sementes, pois elas germinam em cada polegar, tal como estes meus molestando as teclas de um teclado inactivo. 

(Ilusão de óptica será esta a minha fachada, onde me visto por dentro e me dispo por fora?)

Prontifico-me para lhes semear no ventre as novas sementes que caíram enquanto dormia sobre a erva molhada. Sempre que abria os olhos era um céu virgem que me encantava, e a terra, essa esperava as sementes caídas dos meus olhos. Ilusões que se perdem nos cantos esverdeados que pinto nas paredes do meu quarto, enquanto não durmo.

Esta insónia que não me larga. Este canteiro de ervas secas a picar-me a pele. Zangão, digo eu, nesta ilusão de óptica, pronta a furar-me os olhos.


Dakini in "Iulsorium"