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terça-feira, 1 de julho de 2014

Dakini - Esboço da Personagem traçado por São Gonçalves

Conheço a Escritora Dolores Marques desde o inicio da minha descoberta no mundo das palavras escritas, já lá vão uns 8 anos, bebi muito da sua sabedoria na escrita, da sua elevada espiritualidade transmitidas na sua poesia e na sua prosa, foi um exemplo por mim a seguir.
Foi com a sua ajuda e a sua mão que comecei esta aventura da edição dos livros com a primeira antologia "Tu cá,tu lá".
Convidada a apresentar  a "Dakini",um dos seus muitos "eus femininos "na sua escrita,disse logo que sim.  Primeiro porque é para mim sempre uma honra e um privilégio estar perto da Dolores nestes momentos, como é para mim um desafio enorme traçar um perfil desta sua outra metade, A DAKINI.
Quem é Dakini, que hoje aqui se apresenta com a edicão do seu primeiro livro de poesia?
Tentarei responder a este pergunta à luz das minhas leituras, e das minhas pesquisas, antigas e recentes , de obras que possam ajudar na descodificação (a minha) da mulher ,e da leitura que fiz dos seus poemas.
A primeira personagem que me veio à ideia para comparação,foi a personagem "Quina" A SIBILA da escritora Portuguesa Agustina Bessa Luis, mas  ao estudar mais profundamente a personagem ,logo achei que apesar das semelhanças  se justificarem; apenas pelo espaço em que a Dakini nasceu,as raízes familiares,o espaço rural, a profunda ligação à natureza e aos seus mistérios, e de ambas serem possuidoras de uma  "sabedoria profunda acerca de todos os ritmos da consciência, do instinto, das forças telúricas que se conjugam no fatalismo da continuidade" pouco mais havia para extrair desta sibila, que me justificassem a força que é a Dakini.
Segundo a doutrina do budismo ,”Dakini pode ser compreendida como uma Deusa ou deidade feminina no idioma tibetano, o termo Dakini é Khandroma, que significa “
aquela que atravessa o céu” ou “a que se movimenta no espaço”; As Dakini são entes femininos energéticos ,que evocam o movimento de energia do espaço..elas representam o caminho da transformação das energias negativas em energias luminosas. Representam também o desnudamento mental, livre de todas as sombras”
Ao fazer esta leitura das divindades tibetanas , lembrei-me de um livro que li há uns anos e que me marcou profundamente  "O feminino reencontrado"de Nathalie Durel Lima,onde num estudo profundo explica em como as mulheres modernas tinham que fazer uma caminhada interior,através dos arquétipos e dos mitos  femininos e assim desta forma  reequilibrar, com consciência a poderosa beleza do feminino, e reencontrar o poder da sua Deusa Interior.
É nesta caminhada que encontro a Dakini, a mulher Dolores Marques na sua caminhada interior para encontrar a sua Deusa interna, aquela que melhor representa o seu desnudamento mental.
"Uivam os lobos",é o titulo do seu primeiro livro,já a psicanilista Clarissa Pinkola Estés,no seu livro "Mulheres que correm com lobos” ,desmistifica e compara o papel dos lobos e da mulher nas sociedades modernas. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna."abordando 19 mitos e lendas ,a mulher pode imergir dos longos condicionamentos culturais e encontrar a loba que vive em cada mulher.
Dakini é então esta mulher que encontrou a sua Deusa interior, a sua força provem dos ciclos da terra, da profunda ligação as suas raízes mais profundas, da sabedoria da terra, da sensibilidade e da paixão pela vida.
Dakini é um exemplo a seguir, de como em todas nós há uma deusa interior a descobrir, uma loba que espera libertar-se e uivar o seu próprio hino como um cântico de libertação e desnudamento.

São Gonçalves.


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