Arrumado o corpo
no sofá
continuamente
só
no lamento
dos olhos
a voz trémula
aos sobressaltos
pela cozinha
Bebe um chá
mas só,
desesperada
(mente), só
ouve-o escoar-se
pela garganta inchada
de tanto se dizer, só
por quanto grito irado
Dança às vistas
da janela, mas só
sempre só
admite do relógio da Sé
um gemido rasgado
a fragmentar o silêncio
predestino seu
e das vidraças embaciadas
por conta do seu olhar
anilado
Esmiúça os versos
de um tempo
envelhecido ao serão
cujo poema
cospe a solidão
num prato rachado
Ouve-se morna
a respiração cansada
por sentimentos
gelados, calados
sentires contrários
aos modos de antes
num corpo abonado
Mas, só, sempre só…
em frios desertos
e vazios distantes
permite-se no corrupio
de uma lágrima
Dakini
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