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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Vazio

Arrumado o corpo
no sofá
continuamente
 só
no lamento
dos olhos
a voz trémula
aos sobressaltos
pela cozinha

Bebe um chá
mas só,
desesperada
(mente), só
ouve-o escoar-se
pela garganta inchada
de tanto se dizer, só
por quanto grito irado

Dança às vistas
da janela,  mas  só
sempre só
admite do relógio da Sé
um gemido rasgado
a fragmentar o silêncio
predestino seu
e das vidraças embaciadas
por conta do seu olhar
        anilado

Esmiúça os versos
de um tempo 
envelhecido ao serão
cujo poema 
cospe  a solidão
num prato rachado

Ouve-se morna
a respiração cansada
por sentimentos
gelados, calados
sentires contrários 
aos modos de antes
num corpo abonado

Mas, só, sempre só…
em frios desertos 
e  vazios distantes 
permite-se no corrupio
de uma lágrima

Dakini

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