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terça-feira, 2 de junho de 2015

O Céu - o seu próximo destino

Gritava para o céu à espera que este lhe devolvesse os seus pertences, e entre eles, uma vida. Uma vida inteira que lhe fora prometida.
Era um dia como todos os dias em que ninguém o via, ou fingia não ver. Tinha os cabelos desgrenhados, a roupa em farrapos e os pés enfiados nuns ténis de marca que alguém deitara no caixote do lixo.
Gritava para o céu. Gritava mas o céu não o ouvia. Estava agora ocupado com outros assuntos mais mediáticos. Um grupo de andorinhas regressara e fizera ninho no seu colo. Estava o céu ocupado com os assuntos da terra. O homem continuava a tentar entrar nos assuntos do céu.
Como subir às alturas e descer aos subúrbios sem um alinhamento convincente? 
Tudo para que não se pensasse num espaço desorganizado, até mesmo aquele entre o céu e a terra, onde nada existe a não ser um grito humano: desordens organizadas, apelos aos desocupados num clamor que dá dó.
Enquanto isso, as andorinhas simplesmente planavam nas suas migrações habituais. Desciam e subiam as mesmas alturas, como se a terra não existisse e o céu fosse o seu próximo destino.

Dakini in Café da Manhã
Imgem da net

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